terça-feira, 8 de novembro de 2011

ENTREVISTA : Jorge Marinho, Artista dos Vidros


 
Há cerca de 15 anos atrás, Jorge Marinho fazia uma escolha audaciosa. Ele escolheu abandonar uma carreira de professor e apostar no seu talento artístico.
Isto aconteceu quando ele conheceu as técnicas de modelagem em vidro, então,  de coadjuvante, a arte passou  ocupar o papel principal em sua vida.

A trajetória teve seus percalços, mas desde cedo Jorge Marinho marcou forte presença no mercado de artes e decoração. Sendo um dos pioneiros  em Florianópolis, criou um mercado que não existia na cidade, com  ousadia e criatividade. Em entrevista exclusiva ao Blog "TOP HOUSE exclusive", ele fala da carreira, revela suas influências e conta como é esta parceria com a "TOP HOUSE exclusive"   
Jorge M. na loja TOP HOUSE exclusive


















T.H:
De onde vem sua inspiração?

J.M:
É claro que tudo o que vejo em revistas, em feiras de artesanato, lojas e viagens me inspira, mas na verdade a inspiração vem de todos os lados, da cidade, dos animais, de uma música, um filme, deixo tudo isto entrar pelos poros, absorvo mesmo.

Gosto de andar a pé nas cidades, andar de ônibus, de metrô, enfim, olhar, sentir o mundo e sempre buscar olhar do artista, ver as coisas de uma forma diferente.


Nos Estados Unidos vi muita coisa interessante,  também conheço a arte da república Tcheca, onde alguns artistas trabalham com uma técnica chamada casting, mas dois artistas que me chamam muita a atenção são:
Dale Chiuly e Peter Bremers.
As peças de Jorge M. chamam atenção pela ousadia no uso de cores e  formas


 



T.H:
Você hoje é um artista conhecido, com peças expostas nas principais feiras de decoração do País, como a Gift Fair em São Paulo. Como é que você chegou até aqui?


J.M:
Não sei dizer ao certo mas lembro que na sexta série ganhei um concurso de desenho no meu colégio, desenhei a Santa Isabel.

Na verdade eu sempre fui ligado em artes, decoração, este universo. Com 19 anos comecei com esculturas  em pedra e argila, fazia aulas  no Pq. S. Lourenço, no Paraná.

Depois acabei vindo para Florianópolis cursar Letras na Universidade. No começo, dava aulas particulares  e no CIC  fazia um curso de desenho.
Me formei, passei a professor, mas sempre deixei um pézinho nas artes. Mantinha uma relação de sociedade com um escritório de arquitetura para o qual eu produzia projetos de jardins,  rouparias e cozinhas, fazia compras com os clientes e ajudava a montar os demais ambientes.

Neste trabalho de ambientação percebi que havia poucas opções no item luminárias e foi daí que surgiu a idéia de suprir esta necessidade com o vidro.

Então, uma colega tinha acabado de fazer um curso de modelagem em vidro e firmamos uma parceria. Começamos a fazer luminárias usando uma técnica de modelagem em vidro que estava em evidênica nos Estados Unidos: o Fusing.

T.H:
Você encontrou muitas dificuldades neste inicio?

JM:
Sim, principalmente dificuldades técnicas. Quando eu comecei tudo o que tinha era uma apostila com alguns fundamentos de como trabalhar com vidro, mas as técnicas descritas não funcionavam, então tive que criar o meu próprio conhecimento, através das tentativas e erros.
Eu tenho um caderno, onde por anos anotei todas as minhas experiências.  Lembro de procurar ajuda e não conseguir, pois outros profissionais me viam como  concorrentes.
Mas  encontrei também pessoas muito parceiras que estavam dispostas a investir na minha proposta. Uma dessas foi o Enio, hoje dono da TOP HOUSE, que na época era fabricante de móveis e acreditou no meu trabalho.

T.H:
Porque você acha que conseguiu abrir este mercado em Florianópolis?

J.M:
Meu diferencial é ousadia nas formas e nas cores, eu consegui fugir dos padrões, eu sempre busquei criações que brincassem com as cores.
E conquistei arquitetos e decoradores,  porque eu sempre fui muito  responsável em cumprir prazos, fazia as peças de um dia para o outro.
Na verdade já tinha gente trabalhando com vidro quando eu comecei, mas eu tinha uma grande capacidade produtiva, em pouco tempo ampliei minha produção, cheguei a contar com 7 funcionários e quatro fornos. Desenvolvi um método em que eu aproveitava todos os pontos de calor do forno e, enquanto costumava-se tirar três ou quatro peças a cada fornada, eu tirava quinze.


T.H:
Como é o processo de criação?

J.M:
Meu processo de criação não envolve desenho, é diferente, eu tenho a capacidade de ver a peça pronta na minha cabeça . Caso o cliente queira ter uma ideia da minha proposta,  eu prefiro fazer uma peça pequena, mas eu nunca tive medo, sempre confiei na minha intuição. Também não gosto quando trazem desenhos para que eu reproduza, não porque me falta a técnica, mas porque eu não gosto de cópia.
As vezes tenho sonhos, ou um espaço, uma revista, natureza, aquilo me traz uma inspiração e, de repente a peça está pronta.


T.H:
Como tem sido esta parceria com a TOP HOUSE?

Esta loja da TOP HOUSE tem uma proposta incrível. É um espaço que parece uma galeria de arte é muito propícia para a exposição das minhas peças, principalmente para um tipo de trabalho meu que menos conhecido que são  executadas com a técnica de Vidro Soprado.

As peças de Jorge Marinho estão em exposição na Top House(Shopping Casa e Design) e no Atelier Oficina do Vidro no Campeche. Av. Pequeno Príncipe de terça a sexta das 13:00 as 19:00.

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